ANÁLISE: Príncipe Harry — O Que Sobra (parte 2)

Mari Tegon ⚡️
3 min readJan 27, 2023

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Primeiro de tudo, essas 100 páginas seguintes, deflagram um novo Príncipe Harry. Foram páginas difíceis de ler, ainda mais porque estou engolindo o livro como um spin-off do roteiro de alguma temporada de The Crown.

Agora já está mais crescido trocou, por vontade própria e vocação, a faculdade pelo Exército.

Príncipe Harry deixou o Exército em 2015.

Aqui, entre as páginas 101 e 200, fiquei emocionalmente perdida sobre o sentimento que tenho por Harry. Isso porque ele sofreu fisicamente, psicologicamente e socialmente no período em que esteve no Exército eas vezes aparenta uma ponta (bem grande) de masoquismo. Fiquei sem ar em diversos trechos.

Nestas páginas o alívio vem da admiração que Harry tem por Diana, sua inesquecível mãe. Harry é o maior fã de Lady Diana. Indiscutível. E muito bonito.

Ao mesmo tempo, a raiva que ele adquiriu com o trauma junto ao Exército, são estranhamente complementares. Ele teve traumas na vida profissional, assim como na pessoal.

É um tanto contraditório que ele se sinta tão confortável com a ideia de caqçar pessoas. Seres humanos. Já que sua mãe foi igualmente caçada peça imprensa. Todos que ele ajudou a matar, na guerra contra o Talibã, eram filhos de alguém.

Em contra partida, ele relata que se sentiu alguém ao ganhar uma patente como guarda-costas oficial da Rainha Elizabeth II, sua avó paterna.
Como ele foi para o Exército antes de William, ele experimentou a sensação de, pela primeira vez, ser o primeiro. E fala disso. Tem orgulho. Achou um sentido na vida. Ótimo.

Ao mesmo passo que sua trajetória em Lesoto tenha lhe mostrado que a pobreza extrema, doenças e órfãos (por causa da Aids) são também frutos de uma guerra político-social.

Me causou espanto e incomodo o jeito como ele acolheu a guerra no Iraque e Afeganistão como se fosse a melhor coisa do mundo. Ele não ajuda a terminar uma guerra, ele apenas entra nela para combater e, até mesmo quem sabe, morrer. É insano.

O relato de Harry, durante os treinamentos, os combates e as condições de vida durante a guerra, me fez pensar em lavagem cerebral. E Harry é muito inteligente. Não sei qual força ele canalizou, além da raiva e trauma, que fez com que ele concluísse que guerra é um excelente negócio. Deve ser coisa de homem.

Este capítulo serviu para situar (meros plebeus — não britânicos, no meu caso) acerca de como um estilo de vida imposto pelo destino pode mexer com a cabeça de qualquer um. E ele conta sobre o momento em que enxergou a realidade nua e crua sobre sua mãe: de fato está morta. Coisa que até então ele não se permitia tomar consciencia.

Diversas vezes, anteriormente, Harry discorreu sobre a possibilidade de sua mãe ter fugido de cena, para escapar dos paparazzi e da família Real. Ele tinha plena certeza de que ela estava viva, apenas havia forjado a própria morte.

O caçula de Diana se deu conta que estava se enganando quando viu os arquivos da polícia francesa que periciou o local do acidente em Paris. Viu as fotos dela, do companheiro Dodi Fayed, fotos dos carros, do ambiente e do motorista. A penas o guarda-costas de Dodi sobreviveu ao acidente. Ao que consta, ela não usava cinto de segurança no Mercedez, porém, o motorista havia bebido.

Harry conta que, quando esteve em Paris, percorreu o túnel (na mesma velocidade em que o carro de sua mãe) onde ocorrera o acidente. E ali ele se viu confuso dentro da própria cabeça. Este fato é relevante, pois a partir daí Harry adquire uma consciencia, uma história galgada em fatos políciais, ainda que o inquérito policial tenha sido arquivado. (Boatos correm por aí dizendo que não foi um acidente, mas sim um crime, uma tentativa (bem sucedida) de assassinato.

E depois ele discorre mais um monte de histórias dos seus dias de guerra. Em muitos momentos ele conta as histórias dos soldados, seus irmãos de guerra, e de outros colegas que perderam membros ou morreram durante o combate. Sem muito alívio nestas páginas.

Harry passou 10 semanas no Afeganistão em 2008.

Volto aqui quando estiver na página 300.

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