ANÁLISE: Príncipe Harry — O Que Sobra (parte 4)

Mari Tegon ⚡️
3 min readJan 31, 2023

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Por: Mari Tegon
(páginas 301 a 400)

Ao longo da autobiografia do Príncipe Harry, é impossível não se questionar se ele já fez terapia. Sim, ele finalmente toca no assunto.

Harry, então com 30 anos, aposentado do Exército, começa a ter ataques de pânico e uma condição chamada “agorafobia”, também conhecida como “o medo que não permite viver o presente”. Eis o problema: como membro da família Real britânica, Harry tem inúmeros compromissos que exigem que ele faça discursos e converse com muitas pessoas que ele não conhece.

É bom e fácil conversar com quem conhecemos, afinal de contas as conversas tomam um rumo natural de interesses. Acontece que, para Harry, todos sabem quem ele é, mas ele nunca viu as pessoas na vida. E todas fazem questão de lembrar da mãe dele. Assunto que, até então, ele não superou. Ele não se permitiu o luto, só absorveu e enterrou os sentimentos no mesmo lugar que os traumas, portanto, quando alguém mexe com os sentimentos dele, automaticamente colocam o dedo na ferida, esbarram no trauma.

Rei Charles III e seu filho, Príncipe Harry

Como já disse antes, gostava do Príncipe Harry antes mesmo da biografia, mas nunca fui com a cara do Rei Charles III, porém Harry mudou minha visão sobre o pai dele, agora Rei da Inglaterra.
Charles teve uma criação mais parecida com a de William, também criado como herdeiro, por isso sempre passou a impressão de ser mais burocrático, menos sentimental ou amável. Mas Diana se apaixonou por algo em Charles e a mesma essência dessa paixão e amor, ele demonstra a Harry.

O que gosto em Harry é que ele tem uma visão 360º. Às vezes ele fazia coisas no afã da imaturidade, mas quem nunca?
No decorrer do livro, Harry mostra que errou diversas vezes, acolheu o erro e se tratou (que é diferente de “se retratar”, ele tratou mesmo), pois não queria permanecer no erro. Buscava ser um ser humano melhor. Só o tempo faz isso. É nítido que ele tem essa consciência. Maturidade.

Lá pelas tantas, entre as páginas 301 e 400, Harry destrincha suas sessões de terapia, o que faz um bem danado ao leitor que teve preocupação com a saúde mental do príncipe (como eu).

E são nestas páginas que ele fala mais sobre sua relação com a avó, Elizabeth II. Sobretudo porque Meghan Markle entrou em sua vida e fez com que ele precisasse pedir permissões diretas à monarca. E, quem diria, Elizabeth II é fofa, senhoras e senhores! O mito da pessoa ‘gelada’ se desfez.

Harry e Meghan Markle

Nestas páginas Harry conta como conheceu Meghan e como ficou apaixonado. Conta mais sobre a intimidade dos dois do que só a dele. Afinal agora são um só.

Interessante também é o modo como Meghan ajudou Harry com a imprensa. Apesar de todo o racismo absurdo a que foi submetida, Meghan sempre se mostrou afável e não endureceu por causa de perseguições constantes.

É perceptível que o casal tem senso de humor. Humor este que sempre foi característica de Diana, mãe de Harry. Ele herdou.
É um moço divertido, apesar de seus relatos de crises de ansiedade e pânico, e passa a impressão de que nunca muda quando está com os amigos em quem confia e ama.

A viagem que fez com Meghan, a primeira de suas vidas (ainda no começo do que seria um namoro), é marcante, pois denota como Harry se abre de uma só vez para mostrar o que realmente gosta: a Natureza.
E ela também se encanta, é o que eles têm em comum, o tipo de amor. O mesmo amor por animais e o ecossistema, além das belezas da viagem.

Parece mesmo aquelas histórias batidas dos contos de fadas, mas com o fato relevante de que são duas vidas reais, que amam, que gostam da individualidade, do prazer da privacidade acima de tudo. Realmente foram feitos um para o outro.

Volto aqui quando terminar o livro, na página 507.

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