LEITURA: Príncipe Harry — O Que Sobra

Mari Tegon ⚡️
3 min readJan 25, 2023

--

Estou lendo o livro do Príncipe Harry. Agora, com 100 (de 507) páginas lidas, e minimamente íntima do caçula de Lady Diana, tenho alguns conceitos sobre o que li até aqui. Sei que é pouco, mas o Príncipe nunca foi um desconhecido para mim. Sempre tive afinidade com Harry, antes de seu casamento com Meghan Markle, filhos e o próprio livro.

A princesa Diana (1961–1997) e o príncipe Harry (Foto: Getty Images)

Não concordo com a maioria das coisas que vem sendo ditas — e escritas — sobre a autobiografia.
Para começar, quando ele perdeu a mãe, em 1997, eu tinha apenas 3 ou 4 anos. Não chegou para mim, a comoção da perda trágica de Diana. Mas cresci com a imagem de uma mulher linda, forte, dona de si (dentro do sistema Real)… enfim.

Harry só me confirma (a cada página), que este livro é a maior expressão de coragem de um homem: a fragilidade e a capacidade emocional de um menino.

Já adianto: gosto ainda mais deste cara que estou conhecendo.
Me parece, até agora, em sua fase adolescente, que é um menino dotado de consciencia e amor pela natureza.

Tendo perdido a mãe em uma quebra do “ciclo natural da vida”, ele não se permitiu o luto, sobretudo porque não foi ensinado a superar o insuperável. Ninguém ao menos tentou. Era jovem e se viu sozinho. Parece que Harry tentava obter carinho de todas as mulheres a seu redor.

E como foi para essa criança ter a mulher mais famosa do mundo como avó, e a mais popular como mãe, e ainda assim se sentir tão isolado de carinhos maternos?

Adjetivos como “príncipe mimado” são injustos, ofensivos e dotados de tanta antipatia que não consigo nem imaginar o que passa dentro dele com o sucesso do livro. É um bom motivo para odiar a imprensa.

Príncipe Harry coloca suas questões existenciais para fora e, ainda assim, jornalistas, políticos e todas as outras classes de plebeus não conseguem aceitar uma pessoa que, apesar de profundamente ferido, não deixa de ser amável com a natureza. Percepção aflorada.

Príncipe Harry

Harry tem luz, é muito iluminado dentro de seu coração, apesar de ser tratado como “a sobra”. Foi sufocante ler uma pessoa esclarecida o suficiente sobre seu papel na vida: nenhum. Ao que parece, é uma constante na família real, nem é segredo: só quem está na linha de sucessão importa. Literalmente o conceito REALMENTE IMPORTA. Realidade. Realeza…

Já entrei na leitura com uma opinião formada: Harry levou a frase “se não pode com eles, junte-se a eles”, em relação à imprensa. Ele se juntou a um jornalista/ ghostwriter para entrar na batalha contra a imprensa, a mesma classe que causara a morte precoce de sua própria mãe.

Só isso (para mim), como jornalista, já foi um gatilho para comprar o “diário” de Harry. Vai contra a minha essência achar que ele não pode escrever que sofreu apenas por não ter sofrido as coisas que “pessoas normais” não sofreram.

Até agora, vejo um moço ávido pela vida, mas sem um amigo que tivesse uma espiritualidade aflorada para emergir com ele até o processo de luto e arrancá-lo de lá com a maior naturalidade possível. Não é apenas sobre terapia. É sobre vivência.
A rainha Elizabeth II teve sua mãe ao lado. Sabemos como a rainha mãe foi importante para Elizabeth. Assim como o (agora rei) Charles III teve sua mãe até onde todos nós podemos lembrar com facilidade.

Harry, não. Nem William. Dois órfãos.
Duas vidas que caminharam tão perto, com ponto de partida do útero com desfechos tão diferentes.
O mesmo trauma cria os dois meninos.
E o destino os separa com a mesma brutalidade.

Harry merece nossa empatia, não porque sua mãe morreu ou porque nasceu na condição abastada. mas sim porque é, acima de tudo, um ser humano como qualquer um aqui nesta Terra (apesar das teorias da conspiração, como os reptilianos.

Volto aqui quando estiver na página 200.

--

--